18 de mai. de 2012

Estudo de Caso


Ao longo desses anos aqui no Conselho participamos de inúmeras reuniões de discussão de caso, ora entre os membros do Conselho, ora com profissionais da rede de atendimento (agentes de saúde, enfermeiros, pediatras, psicólogos, assistentes sociais, educadores, entre outros atores). As reuniões de discussão de caso têm por objetivo analisar a situação de uma determinada pessoal/família para dar o encaminhamento mais adequado. Geralmente situações limite, onde já se tomou todas as medidas possíveis e não ouve eficácia, a situação de risco permanece, a violência não se estancou, os direitos sociais continuam sendo violados.

Na reunião de discussão de caso, após analisar todo o contexto daquela situação, é pensado estratégias de intervenção que ajude a minimizar a violação de direitos. A grande riqueza dessas reuniões é o compartilhamento de saberes. O agente de saúde, por exemplo, que conhece a família, sabe das condições de vida, dos dilemas enfrentados pela comunidade, contribui com sua visão imbricada na realidade. O conselheiro tutelar que atendeu e que conhece o histórico da família contribui com as informações que têm, com as impressões que teve, com o que conseguiu identificar na família. Psicólogos, pediatras, educadores, assistentes sociais, cada um, dá sua contribuição com o saber técnico que tem voltados para aquela família. As informações desencontradas ali reunidas dão a dimensão do todo e com isso permite analisar a família mais profundamente e melhor para poder traçar a estratégia de atendimento mais eficaz, logicamente, dentro do possível.

Às vezes, num atendimento, nos envolvemos ao tomar conhecimento de tanta desgraça. Acabamos tornando a versão de parte como nossas e nem sempre essa é a versão correta. Isso compromete nossa ação. Ao apresentar os fatos em uma reunião de discussão de caso, apresentamos junto nossas impressões, nossas percepções que não necessariamente são relevantes. Volta e meia o profissional que está de fora, que não teve qualquer contato com a família a não ser com os dados que apresentamos na reunião, acaba tendo o insite mais pertinente. A questão está ali, debaixo dos nossos olhos e em meio a tanta informação não percebemos que aquela é a saída possível.

De qualquer maneira, penso eu, o conselheiro tutelar tem grande contribuição a dar nessas reuniões. Embora não esteja previsto esta atribuição no Estatuto, creio ser imprescindível a participação do Conselho Tutelar em espaços como estes na rede de atendimento sócio-assistencial. Mas também por outro lado, vejo com certa reserva, quando a rede passa a buscar no Conselho resposta para tudo, ou seja, o caso ainda não chegou a uma situação limite, o serviço ainda não esgotou seus recursos e acaba buscando no Conselho a resposta, como se tivesse de ter o aval do Conselho para agir. Enfim, são algumas reflexões que faço a partir de minha vivência no Conselho Tutelar de Campinas.

Abraço

Paulo Roberto dos Santos

Campinas, 18 de maio de 2012

Um comentário:

luzia disse...

Olá querido Paulinho quanto tempo, gostei muito de sua postagem sobre a atuação do Conselho Tutelar e realmente para nós educadores é muito importante ter o conselho como referência. Estou dando aulas no Estado e nossa clientela são crianças e adolescentes e realmente as vezes enfrentamos diversos tipos de problemas ´, por isso é sempre bom que você coloque esses pareceres no seu blog . Um grande abraço e tudo de bom pra você. luzia