27 de ago. de 2013
26 de ago. de 2013
16 de ago. de 2013
10 de jul. de 2013
Cesárea: 9 razões para desmarcar
Cesárea: 9 razões para desmarcar
Se você já agendou o parto cirúrgico, leia essa reportagem e pense de novo. Pode ser que você mude de ideia
Por Paula Montefusco, neta de Florinda, Mario, Maria e Ângelo
No Brasil, quando alguém pergunta para uma grávida quando nasce o bebê,
muito provavelmente vai ouvir mês, dia e hora. O Brasil está entre os
recordistas mundiais em cesárea. Em 2006, registramos uma taxa de 80,7%
de partos cesarianos na rede particular. O SUS, responsável por 80% dos
partos realizados em território nacional, teve 30% de cesarianas, quando
o recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de, no máximo, 15%.
Ao todo, 40% dos partos realizados no Brasil são cirúrgicos, por uma
série de motivos que já discutimos aqui: a baixa remuneração dada pelos
convênios, comodidade dos médicos e, sim, preferência de muitas das
mães, que querem ter controle sobre a data de nascimento do filho e
pensam também evitar a dor. Entre as consequências está o aumento de
bebês prematuros, com todos os problemas decorrentes, entre eles
necessidade de internação na UTI. Um estudo da Unifesp revelou que, no
Brasil em média 60% dos nascimentos acontecem por volta da 37ª ou 38ª
semana de gestação. Convencida?
Se ainda está na dúvida,
reunimos nove motivos para você desmarcar a cesárea e considerar o parto
normal, mesmo que seja o induzido, quando são usados medicamentos que
simulam os hormônios liberados no trabalho de parto. Ele pode ser melhor
do que a cesárea porque mãe e filho passam pelo trabalho de parto,
juntos. No caso de gestações de alto risco, como as de mulheres que têm
pré-eclampsia ou diabetes gestacional é possível fazer o parto normal
sem problemas, contanto que as doenças estejam sob controle. Caso seu
problema com o parto normal seja medo da dor, lembre-se de que, na
cesárea ela também existe, não durante, mas depois: a recuperação é mais
longa e dolorosa.
Para ativista do parto humanizado britânica
Janet Balaskas, autora do livro Parto Ativo, o parto normal não precisa
ser uma experiência dolorosa. Segundo Janet, a mulher deve tomar as
rédeas de seu próprio parto. Para isso, ela trabalha com exercícios e
posições baseados na yoga, em que a grávida mentaliza a criança e como o
processo está sendo realizado pelo seu ponto de vista. É uma tentativa
de se colocar no lugar do outro para percorrer o trajeto do trabalho de
parto em vez de apenas sofrer com as contrações. Mas, para quem não está
tão centrada assim, sempre dá para pedir ajuda ao anestesista. E se
você não mudar de ideia, tudo bem, a gente faz coro com a obstetra
Luciana Taliberti que resume tudo: "O melhor parto é o que seja bom para
mãe e bebê, o importante é que ele nasça com saúde e que o parto tenha
um resultado feliz."
1 - Você não precisa dela
"Em 90%
das vezes a mulher não precisa de cesárea, ela pode parir sem ela.
Então para que marcar a cirurgia?", questiona a obstetra Andrea Campos.
Segundo a médica, os principais motivos para considerar fazer uma
cesárea acontecem durante o trabalho de parto e não podem ser previstos
com antecedência, como a dificuldade de o bebê descer pelo canal de
parto.
Outras indicações comumente usadas para justificar a
cesárea geralmente podem ser contornadas, como circular de cordão
(quando o cordão fica enrolado em torno do pescoço do bebê), que
acontece em 30% dos casos. A ausência de dilatação, justificativa usada
em grande parte das situações pode ser explicada pela falta de
contrações regulares. Se a mulher está sem dilatação, provavelmente
ainda não entrou em trabalho de parto, pois, para haver dilatação, é
necessário haver contrações. Caso a mulher não entre em trabalho de
parto, ainda é possível induzir as contrações com uso de hormônios
injetados na veia ou com ruptura da bolsa, que pode estimular o início
das contrações nas primeiras 24 horas.
2 - O bebê tem de estar pronto para sair
É muito comum acontecer um erro de cálculo e o bebê nascer com a idade
gestacional abaixo do esperado. O médico pode achar que está tirando uma
criança com 39 semanas e ela ainda tem 37 ou 38, por exemplo. Por mais
que os ultrassons atuais sejam bastante precisos, isso ainda pode
acontecer. O problema é que, se você fizer a cesárea antes que o bebê
esteja pronto, os pulmões dele podem não estar prontos. Como os pulmões
são os últimos órgãos a se formar, pode acontecer de eles não estarem
maduros o suficiente para uma vida extrauterina. Aí podem acontecer
casos de desconforto pulmonar: o bebê tem dificuldade de respirar e pode
precisar da ajuda de aparelhos ou, ainda ter de passar um tempo na UTI.
Segundo Laura Gutman, autora do livro A Maternidade e o
Encontro com a Própria Sombra, o conceito de data provável de parto não
pode ser levado ao pé da letra porque se trata de uma estimativa:
"Realizar uma cesárea antes do início do trabalho de parto é uma prática
perigosa, na maioria dos casos irá nascer um bebê prematuro."
3
- Se o bebê não passa pelo canal vaginal da mãe ele deixa de receber
bactérias importantes para a formação de seu sistema imunológico
Quando ele passa pelo canal sua pele é colonizada pelas bactérias da
mãe. Esse contato é importante para a defesa do organismo porque, logo
que vier ao mundo, já vai ter de lidar com bactérias estranhas ao seu
organismo, como as do próprio hospital. Mas cuidado, esse contato pode
também expor a criança a doenças transmissíveis pelo contato com a
genitália da mãe como a hepatite B e C, HPV, herpes genital e HIV. Se a
mãe fez o pré-natal direitinho, as chances de que o bebê contraia
doenças desse tipo é muito menor. Uma das teorias é que o contato com as
bactérias maternas seria um fator protetor contra alergias. Um estudo
finlandês publicado no Journal of Allergy and Clinical Imunology mostrou
que pessoas que nasceram de cesárea são três vezes mais suscetíveis a
manifestar asma.
Outra pesquisa, feita na Alemanha e publicada
no Pediatric Allergy and Immunology, descobriu que bebês que nascem por
cesariana têm mais chances de desenvolver alergias alimentares até os
dois anos de idade. Já um estudo feito em 2008, e que acompanhou
crianças desde o nascimento até os 9 anos verificou que crianças
nascidas por cesárea com pais que tinham alergia ou asma tinham duas
vezes mais chances de desenvolver alergia e rinite alérgica. Uma
pesquisa da USP levantou que, em crianças que nascem de cesárea, as
chances de desenvolver um quadro de obesidade ao longo da vida aumenta
em 58%.
O estudo acompanhou 2.057 pessoas do dia do nascimento
aos 25 anos e descobriu que 15,2% dos bebês nascidos por cesariana
estavam com o Índice de Massa Corpórea acima de 30 - o que indica
obesidade. Entre aqueles que nasceram de parto normal, apenas 10% eram
obesos. Outra doença mais comum entre pessoas que nascem de cesárea é a
diabetes tipo 1. É isso o que diz um estudo da Queen's University, no
Canadá. Segundo a pesquisa, bebês nascidos por cesariana têm 20% mais
chances de desenvolverem diabetes tipo 1.
Outro risco é de
desenvolver doença celíaca, caracterizada pelo "autoataque" do organismo
ao intestino delgado quando são ingeridos alimentos que contém glúten
como trigo, centeio, cevada, aveia e malte. De acordo com uma pesquisa
desenvolvida pela Universidade de Medicina de Hannover, na Alemanha, a
probabilidade de ter a doença celíaca é 80% mais alta em crianças que
nascem por cesárea.
4 - Quem tem que decidir a hora de sair é o bebê
"Quando o bebê está pronto, ele dá o 'start' para o trabalho de parto",
defende a obstetra Andrea Campos. Durante o trabalho de parto, o bebê
sofre influência de uma cascata hormonal, com as contrações ele recebe a
massagem intrauterina e é avisado de que vai nascer e pode se preparar
até que finalmente nasça. "E, para passar pela bacia, o bebê ajeita sua
cabeça, descendo de uma maneira ativa pelo canal de parto. Na cesárea
isso não acontece, o bebê nasce de maneira passiva porque é retirado do
útero", completa.
5 - Se ele não recebe a massagem nos pulmões ao sair, o risco de desconforto respiratório aumenta
No parto normal, a passagem pelo canal vaginal comprime o tórax do bebê
e estimula a saída do líquido amniótico para que o ar possa entrar. Se
isso não acontece, o bebê fica com dificuldade para respirar e tem de
receber oxigênio artificialmente ou ser entubado. Os casos de
desconforto respiratório correspondem a 60% das internações na UTI
Neonatal. "Aproximadamente 12% dos bebês que nascem de cesariana eletiva
(a cesárea marcada) vão para a UTI. No caso dos bebês que nascem de
parto normal, o número cai para 3%", conta Renato Kalil, ginecologista,
obstetra e especialista em reprodução humana.
Segundo dados da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), fetos de 37 a 38 semanas de
gestação possuem 120 vezes mais chances de apresentarem desconforto
respiratório desta ordem em comparação aos fetos com mais de 39 semanas.
6 - No pós-parto a recuperação é mais lenta e dolorosa
O tempo de internação do parto normal é de 48 horas após o nascimento,
para a cesárea este número sobe para 72 horas. E, enquanto depois do
parto normal já dá para retomar as atividades de rotina no dia seguinte,
na cesárea o tempo para realizar tarefas simples como dirigir podem
levar até dez dias. O corte da cesárea atinge sete camadas de pele,
tecido e músculo até chegar ao bebê. São eles: pele, gordura, fáscia
muscular, músculo, peritônio parietal, peritônio visceral e útero.
Depois de retirar a criança, cada camada é costurada separadamente. Ao
todo são cerca de 75 pontos. O abdômen fica distendido e a mulher sente
dor por duas ou três semanas.
7 - A cesárea oferece maior risco de complicações maternas
Sendo uma cirurgia de médio porte, a cesárea oferece todos os riscos de
uma cirurgia, seja durante a operação em si, durante o período de
analgesia ou no pós-operatório. Como em todas as cirurgias, existe o
risco de sangramentos, complicações e infecções. Na cesárea a mulher
perde cerca de um litro de sangue, o dobro do parto normal. Dados
divulgados pela ANS atestam que a mortalidade materna é 2,8 vezes maior
nas cesarianas eletivas sem emergência do que no parto vaginal.
8 - A cesárea aumenta os riscos de complicações na próxima gravidez
Se a mulher já fez uma cesárea há o risco de que ela tenha placenta
prévia, que é a fixação da placenta em um lugar indevido da parede
uterina causando maior risco de hemorragia (por vezes ela se aloja no
colo do útero e a mãe precisa ficar em repouso absoluto) e
prematuridade. Entram para a lista de riscos a placenta acreta, que é
quando a placenta se fixa à parede do útero intensamente, provocando
hemorragia ao sair. A mãe pode precisar de transfusões sanguíneas e ter
ruptura uterina ou até precisar retirar o útero, impossibilitando-a de
ter mais filhos.
Insistir na cesárea é algo comum, não é à toa
que a gente ouve falar: "uma vez cesárea, sempre cesárea". Mas é
possível, sim, fazer um parto vaginal depois de uma (duas, três...)
cesárea(s). Apesar disso, nos Estados Unidos, a incidência de cesáreas
recorrentes é de 92%. Em média, 66% das mulheres que fazem cesárea por
lá poderiam ter tido o segundo filho por VBAC, sigla para Vaginal Birth
After Caesarean (parto vaginal depois de cesárea), mas a maioria escolhe
a cesariana novamente.
9 - O leite demora mais para descer
A ocitocina, um dos hormônios que provocam as contrações também é
responsável pela descida do leite, razão pela qual a taxa de sucesso na
amamentação é maior nas mulheres que tiveram parto normal. Depois do
parto normal já é possível colocar o bebê sobre o corpo da mãe, sugando o
peito. Na cesárea isso não é possível porque o abdômen da mãe está
aberto e tem que ser fechado depois da saída do bebê.
A
Organização Mundial da Saúde aconselha que o bebê mame já na primeira
hora de vida e isso acontece com maior freqüência com crianças que
nascem de parto normal. Segundo estudo da Fiocruz isso acontece com
22,4% dos bebês que nasceram por parto normal contra 5,8% dos bebês que
nasceram por parto cesariano. Ainda de acordo com o estudo, a primeira
mamada pós-parto demora em média quatro horas para mães que fizeram
parto normal e dez horas para aquelas mães que tiveram seus bebês por
cesárea. Sem contar que, caso o bebê nasça prematuro por erro de cálculo
na data ideal de nascimento, pode ainda não conseguir sugar o seio e
precisar receber alimentação artificialmente. Claro que muitas mulheres
que fizeram cesárea amamentam sem problema, mas que é um fator
desfavorável a mais, isso é.
Quando a cesárea pode ser uma boa opção (ou não)
Aqui a cesárea não é obrigatória, mas talvez seja uma boa opção.
Converse com seu médico e veja o que ele tem a dizer caso você se
encaixe em uma destas situações
- Gravidez gemelar
O trabalho de parto pode se estender e a oxigenação dos bebês pode ficar comprometida
- Bebê pélvico ou transverso
Existem manobras para colocar a criança na posição certa para nascer.
Quando elas não dão certo, não tem jeito, tem que ser cesárea
- Criança com circular de cordão
Dependendo do lugar em que elas estão e da quantidade, a cesárea pode ser o mais recomendado
- Bebê prematuro
Quando o bebê é muito novo pode ser considerado muito sensível para passar pelo canal vaginal
Quando a cesárea é necessária?
Às vezes optar pela cesariana é uma questão de vida ou morte, mãe ou
bebê podem estar em perigo e é preciso fazer o parto rápido. Fique de
olho para estas condições
- Desproporção cefalo-pélvica
A
cabeça da criança é muito grande em comparação à bacia da mãe. Mas isso
só pode ser constata do uma vez que a mulher está com dilatação total.
Então, mesmo se você faz o tipo mignon não se preocupe antes da hora
- Sofrimento fetal
E isso não quer dizer, necessariamente, mecônio no líquido amniótico
(as primeiras fezes do bebê, que tingem o líquido de verde). O médico
vai analisar os sinais vitais da criança e a progressão do trabalho de
parto para ver se o parto normal é viável ou não
- Eclâmpsia
Quadro de hipertensão característico à gravidez, nela, a mãe apresenta
convulsões, inchaço e pressão alta. Para evitar que o quadro se agrave e
a mãe morra, a solução é fazer o parto assim que a criança puder
sobreviver fora do útero
- Placenta prévia total
Quadro em que a placenta é fixada na saída do canal vaginal, impedindo a passagem da criança.
11 de jun. de 2013
Meninos Carvoeiros (Manoel Bandeira)
Meninos carvoeiros
Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)
— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles . . .
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
— Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados.
Petrópolis, 1921
Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)
— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles . . .
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
— Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados.
Petrópolis, 1921
O professor (poeminha de Drumond)
"O professor disserta
Ponto difícil do programa,
Um aluno dorme,
Cansado das canseiras da vida.
O professor vai sacudi-lo?
Vai repreendê-lo?
Não.
O professor baixa a voz
Com medo de acordá-lo.
(O professor, Carlos Drumond de Andrade)
Ponto difícil do programa,
Um aluno dorme,
Cansado das canseiras da vida.
O professor vai sacudi-lo?
Vai repreendê-lo?
Não.
O professor baixa a voz
Com medo de acordá-lo.
(O professor, Carlos Drumond de Andrade)
23 de fev. de 2013
22 de fev. de 2013
14 de fev. de 2013
4 de fev. de 2013
Banho no balde / ofurô
No curso de gestantes que fizemos (Adriana e eu) sábado, passaram dois vídeos, um sobre o banho na banheira e outro no balde/ofurô. Procurando no Youtube encontrei esse aqui, uma gracinha ...
O espaço do balde se aproxima com o da barriga da mãe, por isso é indicado para banhar os bebês quando estiverem agitados, com cólica, irritados. Com o banho no balde a criança relaxa, pouco a pouco vai se tranquilizando....
O espaço do balde se aproxima com o da barriga da mãe, por isso é indicado para banhar os bebês quando estiverem agitados, com cólica, irritados. Com o banho no balde a criança relaxa, pouco a pouco vai se tranquilizando....
16 de jan. de 2013
O profissional do serviço social e o gosto pela leitura
A disciplina de leitura e
produção de texto é hoje no Brasil, comum a muitos cursos do ensino superior. A
princípio o conteúdo desenvolvido nela deveria ser aplicado no ensino médio, de
modo que o aluno, ao ingressar no ensino superior tivesse pleno domínio da língua
portuguesa. Essa disciplina busca nivelar minimamente o conhecimento de seus
alunos sobre a língua portuguesa, visto que - com a baixa qualidade do ensino
médio da rede pública – chegam ao ensino superior sem ter pleno domínio da escrita
e da leitura. Sobre isso, gostaríamos de fazer alguns apontamentos para
compreendermos o quão importante é o domínio da língua escrita e falada para o
profissional do serviço social.
Carlos Montaño, em sua obra “A
natureza do serviço social” aponta o caráter de subalternidade do serviço
social. Ele destaca quatro aspectos sobre essa subalternidade/subordinação do
serviço social em relação a outras profissões e ou ciências. Dentre eles o
aspecto do empobrecimento do estudante/profissional de serviço social. Para
Montaño, com a massificação do ensino superior a partir dos anos 1960 e 1970,
somado ao aumento populacional, ao aumento do desemprego, ao ingresso da mulher
no mercado de trabalho e do desenvolvimento tecnológico houve um empobrecimento
real – socioeconômico e cultural – dos alunos de alguns cursos, entre eles o
serviço social. O autor é bastante perspicaz ao tratar do assunto, aqui, nos
identificando em sua análise e queremos com isso, desenvolver uma breve
reflexão sobre a condição de leitor/escritor para os profissionais de serviço
social. O profissional do serviço social, cotidianamente, na sua ação
profissional faz leituras das realidades que encontra, portanto precisa
aprimorar o domínio sobre todas as técnicas de que dispomos, a começar pela
técnica de ler e escrever.
“... terá maiores probalidades de ser estigmatizada como uma profissão de pobres. (...) No caso do serviço social uma profissão de pobres para pobres.” (Montaño, 2009: 103).
Ao nos identificar nesta
condição, de alunos provenientes das classes C e D, de reconhecer que não
tivemos em nossa formação, desde os primeiros anos de ensino na educação básica,
acesso aos níveis mais elevados do ensino e aos meios culturais mais eruditos,
tomamos para nós as conclusões de Montaño: Temos de romper com a relação de
subalternidade do Serviço Social com as demais profissões e ou ciências. Colocar-nos
perante às novas demandas sociais como ciência e não como técnica, não como
ação benevolente. Assim, dominar a língua portuguesa torna se o primeiro passo
para alcançar espaço na academia e no mercado de trabalho.
O estudante universitário que
vem das classes C e D, salvo raras exceções, adquire o habito de ler por força
da necessidade e não pelo prazer de mergulhar em um livro, de fazer
descobertas, viver aventuras, paixões. A leitura neste contexto está muito mais
ligada a uma obrigação do que a um prazer. Está ai uma primeira lição, buscar
dia-a-dia prazer na leitura. Ao se falar em leitura, geralmente, pensamos em
decodificação de letras, sílabas, palavras, construção de frases, ideias. Está
correto, leitura é tudo isso, mas não só. É importante compreendermos que a
todo tempo estamos fazendo leituras através dos signos, símbolos, imagens, sons
etc. Atrás de cada um desses elementos, temos a ideia de alguém. Ao processar
essa ideia estamos interagindo com o autor. O ato de ler é maior que
decodificar letras e palavras. Começamos a ler um livro ao pegá-lo, ao sentir
sua textura, seu tamanho, ao observar suas gravuras, ao ler o título, a orelha,
o sumário, o número de páginas. Ao final dessa leitura inicial, podemos decidir
continuar ou não. De que adianta ler um livro denso, complexo, que não lhe faz
o menor sentido, que mal se entende suas palavras?
Na escola oficial se aprende ler
decodificando palavras, interpretando muito pouco e raramente se encontra
sentidos na oração. Nesse sentido, Paulo Freire diz:
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho” (FREIRE, in Educação na cidade, 1991).
Cada pessoa desenvolve
estratégias de leitura a sua maneira, algumas o gosto pela leitura é tanto que
perdem sono, perdem o ônibus, o tempo etc. Literalmente mergulham na
leitura. Outras desistem de ler por
qualquer motivo, a programação da TV, a internet etc. As duas situações têm a
ver com hábitos. Um caminho para adquirir o hábito da leitura é estabelecer
momentos do seu dia-a-dia para a leitura. Se é daqueles que sente dor-de-cabeça
ao ler no ônibus, não insista. Escolha um outro momento do seu dia, meia hora
antes de dormir, no horário de almoço etc. O importante é que aquele seja um
prazer e não uma penúria. Outro recurso importante é, ao ler, interagir ao
máximo com o autor. Fichar o texto, a lápis ou marca texto, marque todas as
palavras que não entender, se for preciso, recorra ao dicionário. Marque as
idéias mais relevantes do texto, se tiver dúvida, pergunte, questione. Praticas
como essa tira o leitor da condição passiva e ele se torna sujeito no texto.
Por fim, um conselho, não tenha pressa, tudo na vida é processo, um passo após
o outro, temos certeza, a hábito da leitura nos faz bons escritores e na
profissão bons assistentes sociais.
NOTA DO MNDH SOBRE AS INTERNAÇÕES COMPULSÓRIAS EM SÃO PAULO
Contrários às evidências científicas e recomendações da Organização
Mundial de Saúde, o Governo do Estado de São Paulo, o Tribunal de
Justiça, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil, por
meio de um Termo de Cooperação Técnica, tentam apresentar as práticas e
estratégias de recolhimentos e internações forçadas (quer sejam
compulsórias ou involuntárias) como solução para as questões que
envolvem o tema do uso, abuso e dependência química.
Este
recém celebrado Termo de Cooperação Técnica – herdeiro direto da
“Operação Dor e Sofrimento”, também conhecida como “Operação Centro
Legal” -, chama atenção pela mais completa falta de diálogo entre Estado
e Sociedade Civil, excluindo Conselhos de Direitos e de Participação
Social em Políticas Públicas, entidades de representação dos
profissionais da saúde e da assistência social, movimentos sociais e
Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
Assim a assinatura
do Termo de Cooperação Técnica entre o Governo Estadual, Tribunal de
Justiça, Ministério Público e Ordem dos Advogados do Brasil, no último
dia 11 de janeiro, tenta emprestar ar de legitimidade às antigas
práticas de higienismo social. Com atenção e esforços focados na região
central da cidade de São Paulo, na região da Luz (também conhecida por
‘Cracolândia’), o planejamento parece não enxergar que a questão do uso,
abuso e dependência química se espalha pelos mais diversos territórios.
Por meio desta DECLARAÇÃO a Coordenação Estadual e Nacional do
Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) manifestam seu repúdio às
práticas e estratégias de recolhimentos e internações compulsórias e/ou
involuntárias, em marcha no Estado de São Paulo, que tem como foco a
repressão da segurança pública e a força do judiciário, desconsiderando
os princípios constitucionais da proteção integral do ser humano que
deve gerir todas as ações do Estado às populações vulneráveis, e
propomos:
Imediato diálogo com a Sociedade Civil,
Movimentos Sociais, Autoridades Municipais, Conselhos de Direitos e de
Participação Social em Políticas Públicas, entidades representantes de
profissionais e militantes da Saúde e da Assistência Social e Defensoria
Pública do Estado de São Paulo para construção de diretrizes ao Plano
Estadual de Políticas Sobre Drogas e criação de um fórum permanente para
interlocução Estado-Sociedade.
Imediata suspensão do Termo de Cooperação Técnica celebrado entre Governo do Estado, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil, no último dia 11 de janeiro.
Imediata adequação - tanto quantitativa
como qualitativa - da rede de proteção sócio-assistencial e de saúde
(Centro de Atendimento Psicossocial – CAPS; Centro de Atendimento
Psicossocial – Álcool e Drogas – CAPS-ad; Centro de Referência
Especializada de Assistência Social – CREAS; Centro de Convivência e
Cooperativismo - CECCO), conforme as Normas Operacionais Básicas do
Sistema Único da Assistência Social e do Sistema Único da Saúde e do
SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas.
Para tanto conclamamos todas as entidades e movimentos sociais
contrárias as práticas de internações compulsórias para mobilização e
participação no dia 22 de janeiro de 2013 às 17:30 na rua Antonio de
Godói, 122 – 11º andar – Auditório , centro de São Paulo, para traçarmos
estratégias de enfrentamento as inúmeras violações dos direitos
humanos.
A Coordenação Nacional e Estadual do MNDH
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