NOTA DO MNDH SOBRE AS INTERNAÇÕES COMPULSÓRIAS EM SÃO PAULO
Contrários às evidências científicas e recomendações da Organização
Mundial de Saúde, o Governo do Estado de São Paulo, o Tribunal de
Justiça, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil, por
meio de um Termo de Cooperação Técnica, tentam apresentar as práticas e
estratégias de recolhimentos e internações forçadas (quer sejam
compulsórias ou involuntárias) como solução para as questões que
envolvem o tema do uso, abuso e dependência química.
Este
recém celebrado Termo de Cooperação Técnica – herdeiro direto da
“Operação Dor e Sofrimento”, também conhecida como “Operação Centro
Legal” -, chama atenção pela mais completa falta de diálogo entre Estado
e Sociedade Civil, excluindo Conselhos de Direitos e de Participação
Social em Políticas Públicas, entidades de representação dos
profissionais da saúde e da assistência social, movimentos sociais e
Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
Assim a assinatura
do Termo de Cooperação Técnica entre o Governo Estadual, Tribunal de
Justiça, Ministério Público e Ordem dos Advogados do Brasil, no último
dia 11 de janeiro, tenta emprestar ar de legitimidade às antigas
práticas de higienismo social. Com atenção e esforços focados na região
central da cidade de São Paulo, na região da Luz (também conhecida por
‘Cracolândia’), o planejamento parece não enxergar que a questão do uso,
abuso e dependência química se espalha pelos mais diversos territórios.
Por meio desta DECLARAÇÃO a Coordenação Estadual e Nacional do
Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) manifestam seu repúdio às
práticas e estratégias de recolhimentos e internações compulsórias e/ou
involuntárias, em marcha no Estado de São Paulo, que tem como foco a
repressão da segurança pública e a força do judiciário, desconsiderando
os princípios constitucionais da proteção integral do ser humano que
deve gerir todas as ações do Estado às populações vulneráveis, e
propomos:
Imediato diálogo com a Sociedade Civil,
Movimentos Sociais, Autoridades Municipais, Conselhos de Direitos e de
Participação Social em Políticas Públicas, entidades representantes de
profissionais e militantes da Saúde e da Assistência Social e Defensoria
Pública do Estado de São Paulo para construção de diretrizes ao Plano
Estadual de Políticas Sobre Drogas e criação de um fórum permanente para
interlocução Estado-Sociedade.
Imediata suspensão do Termo de
Cooperação Técnica celebrado entre Governo do Estado, o Tribunal de
Justiça, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil, no
último dia 11 de janeiro.
Imediata adequação - tanto quantitativa
como qualitativa - da rede de proteção sócio-assistencial e de saúde
(Centro de Atendimento Psicossocial – CAPS; Centro de Atendimento
Psicossocial – Álcool e Drogas – CAPS-ad; Centro de Referência
Especializada de Assistência Social – CREAS; Centro de Convivência e
Cooperativismo - CECCO), conforme as Normas Operacionais Básicas do
Sistema Único da Assistência Social e do Sistema Único da Saúde e do
SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas.
Para tanto conclamamos todas as entidades e movimentos sociais
contrárias as práticas de internações compulsórias para mobilização e
participação no dia 22 de janeiro de 2013 às 17:30 na rua Antonio de
Godói, 122 – 11º andar – Auditório , centro de São Paulo, para traçarmos
estratégias de enfrentamento as inúmeras violações dos direitos
humanos.
A Coordenação Nacional e Estadual do MNDH
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